quinta-feira, 24 de março de 2011

Evitando a inércia.

Existem circunstâncias da vida que influenciam diretamente nossas condutas. Nas grandes capitais do país os vidros dos carros (em sua maioria com películas escuras) ficam sempre fechados, é o medo de assaltos. Em locais mais perigosos qualquer ruído mais alto e característico gera o temor de uma bala perdida. Mas não são apenas as circunstâncias de medo que nos influenciam, também aquelas situações de conforto e bem-estar estão ligadas à nossa forma de agir.
O certo é que tanto em uma situação de medo quanto em uma situação de bem-estar as circunstâncias nos influenciam, ainda que inconscientemente. Isso é natural, explicável.
No entanto, é preciso buscar sempre o equilíbrio e não motivar a conduta na mera intuição ou reflexo, é preciso racionalizar a conduta, sob pena de nos colocarmos nos extremos, em posições polarizantes de medo ou conforto, que no fim podem nos levar à inércia.
A narrativa de Lucas 9.28-36 apresenta nitidamente a hipótese de “inércia do bem-estar”. Diante da experiência que viveram, experimentando a glória de Deus, o desejo no coração dos discípulos, especialmente de Pedro, era de eternizar aquele momento, mas o próprio texto apresenta um desenrolar totalmente diverso do desejado, especialmente entre os versículos 37 e 42 do mesmo capítulo.
A vida é dinâmica, não é possível eternizar as circunstâncias como se fossem uma fotografia – para isso que servem as máquinas fotográficas – razão pela qual devemos sempre buscar caminhar e entender os planos e designos de Deus para a existência humana, seja como indivíduos, seja como família ou Igreja (militante).
É preciso descer do monte, seja do monte prazeroso, como no caso do texto utilizado, seja do monte da dor e sofrimento, como muitos vivenciam em suas realidades, evitando sempre a inércia.

É preciso ser Igreja militante de fato. É nisso que cremos severamente.


(Culto da Esperança - Igreja Presbiteriana Central de Nova Friburgo - Autoridades e Convidados recebem um exemplar da Bíblia)


(Palavra do Exmo. Prefeito de Nova Friburgo Dermeval Neto)



quarta-feira, 23 de março de 2011

O preço. Pagar com alegria!


“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor.”
(Salmos 122.1)


O texto de Salmos 122, especialmente o versículo primeiro, traz em seu conteúdo uma verdade que pode, e deve, ser aplicada à vida de todos.
Embora o texto não revele claramente as circunstâncias em que Davi estava quando escreveu o texto, fica claro que o texto demonstra uma intensa alegria quanto a dirigir-se à Casa do Senhor, já que esse mesmo texto era apropriado para que os peregrinos subissem a Jerusalém, por ocasião das festividades.
Deus não é um déspota, um opressor ou algo assim que força seu povo a prestar-lhe culto, antes Ele apenas convida a servi-lo mediante sua infinita graça. É um chamado baseado no amor, e como resposta devemos também prestar um serviço de amor. Onde há amor deve haver alegria!
A ciência já enumerou os benefícios que a alegria produz no homem, mas também já afirmou o que a falta de alegria pode gerar doenças que são chamadas de “doenças da alma”, ou seja, doenças que afetam a forma com que o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com o mundo.
Paulo ao escrever aos Filipenses demonstra que era com absoluta alegria que servia ao Senhor, independente das circunstâncias que estivesse, as quais não eram as mais favoráveis, conforme se pode verificar em suas viagens missionárias.
Mas outro aspecto de servir a Deus com alegria deve ser observado e, no nosso entender, é o que é o mais delicado, já que interfere não apenas em nós mesmos ou no que vivemos, mas interfere no próprio entendimento do que os outros terão do caráter de Cristo.
Para muitos - até mesmo para aqueles que já convivem no meio cristão, mas não tiveram uma verdadeira experiência com Cristo – sua reação revelará não apenas seu próprio caráter, mas o caráter de Cristo, já que você é um cristão. Vale a pena meditar sobre isso!
Assim, os convidamos a pagar sim o preço, mas que o serviço seja feito com toda alegria possível, nunca se esquecendo que momentos de tristeza podem até ocorrer, mas não são capazes de anular o que o próprio Pai já nos concedeu, que é sua absoluta graça e o poder do Espírito Santo.
Lembrem-se: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate!” (Pv.15.13)

terça-feira, 22 de março de 2011

José e o sucesso

Conhecida é a história de José narrada no Livro de Gênesis, na qual um rapaz ainda no início de sua juventude dá início à uma jornada de vida repleta de conquistas e realizações, já que este jovem chegou ao mais alto posto administrativo da época.
No entanto, mais do que a conquista do sucesso, a história de José se destaca por demonstrar a absoluta soberania de Deus e, paralelamente, a submissão de José aos propósitos estabelecidos para sua vida.
Em uma visão técnica poderíamos entender José como um verdadeiro gestor que se utilizou de princípios universais de gestão. Neste sentido, a teoria humana apresentaria alguns problemas sérios e, certamente, não permitiria que Jose alcançasse o posto que alcançou, já que seu “curriculum vitae” apresentava uma série de altos e baixos, incompatíveis com um profissional de sucesso.
É certo que José possuía uma característica humana que o ajudou em sua caminhada, é o fato de ser alguém que desempenhava suas atividades com excelência, ética e responsabilidade.
Ocorre que conhecemos várias histórias de sucesso e fracasso ao nosso redor. Alguns que são éticos e não alcançam, outros nada responsáveis e atingem o sucesso. Como lidar com isso é nosso grande conflito.
Em verdade, como dito, José se destaca não simplesmente pelo que faz ou deixa de fazer, mas simplesmente por quem ele é. Entender quem somos é um passo essencial, pois é a partir daí que podemos estabelecer um princípio do que Deus tem para nós como indivíduos, com nossas capacidades e limitações particulares.
José se utilizou de princípios fundamentais em sua “carreira”, mas onde ele as aprendeu se não havia Você S/A ou livros de auto-ajuda em sua época?
Certamente José bebeu da fonte primária que é o próprio Deus, pois entendia desde cedo que seu Deus soberano estava no controle de todas as coisas.
Para ele o estado em que se encontrava não modificava sua forma de ser e ver o propósito maior, já que José foi sempre o mesmo José, quer na cisterna, quer como copeiro com suas regalias ou mesmo como governador do Egito. Não eram as circunstâncias que estabeleciam a conduta de José, mas sim o propósito de Deus em sua vida.
José foi escravo em excelência, um ajudante de Potifar brilhante e, mesmo como prisioneiro, conquistou a simpatia do carcereiro.
Mais do que pensar no sucesso – embora projetos sejam parte importante em nossas vidas – precisamos entender que Deus tem propósitos muito além daqueles por nós imaginados. É nossa conduta baseada na soberania de Deus, e não nossa condição humana, que fará com que os outros façam aquela pergunta feita por Faraó em Genesis 41.38: “Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus?”
O sucesso na vida de José não foi sua razão de viver ou seu alvo absoluto, mas sim consequência de sua submissão à vontade soberana de Deus.

segunda-feira, 21 de março de 2011

E a vida (a sua) faz sentido?

Cremos sinceramente que vivemos hoje um tempo em que o real sentido das coisas é na verdade não ter um sentido definido. Várias são as ideologias, vários são os significados, mas em verdade o que se busca essencialmente é o nada. Mas e a vida, faz sentido?
Sejam as chuvas da região serrana do Rio de Janeiro, seja a tsunami que atingiu o Japão, existem acontecimentos que irremediavelmente geram no coração humano a indagação quanto ao sentido da vida. A vida moderna é sustentada em alicerces virtuais, que não se assentam em nenhum alicerce fundamental, limitando-se ao acaso e, por isso mesmo, questiona-se (seja a quem for) a razão da vida, principalmente em momentos difíceis (já que em momentos de paz não há tempo para isso).
O sábio rei de Israel e famoso pesquisador judeu da antiguidade afirmou: "Há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminhos de morte." (Provérbios 16.25).
Não é difícil se constatar que a problemática do sentido da vida não é um fato novo, pois desde a antiguidade o homem busca sentido ou significado para sua existência e razão para as coisas, significado e razão que servirão de sustento – ainda que inconscientemente – nas tomadas de decisões ao longo da própria vida.
Há invariavelmente duas estradas a se seguir. De um lado, aqueles que acreditam na existência de um Deus poderoso que tudo criou com planos e objetivos que orientam a humanidade ou, em uma versão não religiosa, de um deus que criou um conjunto de coisas que são geridas pelo mero destino, sorte e azar, tudo por meio de forças impessoais que os guiam. Do outro lado os que crêem no mundo como um mero acaso, um aglomerado de eventos desconexos e aleatórios que guiam a história humana, sempre com base em leis naturais cegas, impessoais e sem qualquer propósito final.
Sem dúvida algum a última tem influenciado consideravelmente a maneira de ver o mundo em nossa geração, gerando, entre outros frutos, o vácuo de sentido com a fragmentação da realidade em que vivemos.
Tal fragmentação pode ser experimentada em várias esferas da vivência humana contemporânea, influenciando o modo em que o homem se posiciona em relação a si mesmo e em relação à sociedade em que vive. O famoso intelectual francês Edgar Morin já asseverou que ”... o sistema educativo fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade... As disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem.”
Vemos que a fragmentação na educação (mero exemplo) é produto da mentalidade que permeia o pensamento geral do homem moderno, a qual tem sua fonte em filosofias que estabelecem que não há um sentido definido para o mundo e, portanto, também não para o homem e sua existência.
Há de igual modo a ciência que afirma ter provado que o universo é um sistema fechado de causas e efeitos, governados por leis cegas e mecânicas, que classifica a ideia de que há um Deus bom e misericordioso como ideia ultrapassada e, portanto, subjugada aos círculos religiosos.
No entanto, seja por uma visão inspirada na existência de um deus que tudo estabeleceu para a gestão do mundo na base da sorte ou do azar, baseado na impessoalidade, ou, ainda, por uma visão fechada na ausência de razão e propósito, onde tudo se estabelece por leis cegas, impessoais e neutras em si mesmas, o homem tem limitado sua visão ao reducionismo cientificista, que por sua vez reduz a raça humana a meras trocas químicas de átomos ao acaso e controladas por leis cegas.
Tal postura tem roubado do homem o privilégio que se encontra na essência humana de se entender como um ser libertado, que aprecia o belo, encontra realização na transcendência, que faz o bem, ama sem motivos e descobre o que isto significa em si.
É a existência de um Deus poderoso, pessoal, próximo e amável (no mais amplo sentido) que irá estabelecer a existência do homem. Para os que não crêem na existência desse Deus outra sorte não há senão a de se conformar como meros sub-produtos de um processo que saiu do nada para lugar nenhum e, portanto, sem nenhum alvo a atingir. Por outra via, crer que existe um Deus grandioso em misericórdia, perdão e bondade, longe de nos alienar da realidade, nos concede a perspectiva necessária para reconhecer que a vida faz sentido, não a vida no sentido amplo apenas, mas a nossa vida pessoal e particular faz sentido e é parte de um todo sonhado e criado pelo Deus soberano.
É aí que está o fio da meada que nos leva ao real sentido da vida.
"Há caminho que parece direito ao homem, mas ao final são caminhos de morte."
(Provérbios 16:25)
(Inspirado na entrevista do Dr. Augustus Nicodemus Lopes - Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie – www.mackenzie.br)